O ensino superior, em algumas
universidades públicas e privadas, no Brasil, tem se mostrado um real
desfigurador do que deveria ser o repasse de conhecimento para as demais
camadas da população, formando profissionais que tem o dever de alienar cada
vez mais a população. Algumas Universidades vêm demonstrando ser apenas
fornecedoras de um diploma, considerado como "ticket" para o ingresso
no mercado de trabalho. A sociedade é um ente que, na maioria das vezes, é
beneficiada com a produção acadêmica após esta produção já haver sido
totalmente captada pelo setor privado, fato que deveria ser o inverso, pois a
Universidade não produz para a população? Ou é somente para capacitar
mão-de-obra para o mercado?
Contudo, as transformações no ensino não devem
acontecer somente nas universidades, mas devem vir debaixo da pirâmide
educativa ou no topo do “funil” que leva à vida acadêmica, pois a escola pode
ser considerada tanto como um campo de luta de classes, que serve para aprendizagem
critica do cidadão, quanto para a reprodução das relações de dominação, usada para
a preparação de uma forma de trabalho dócil ao capital, e como inculcadora da
ideologia dominante. A escola estando na base da pirâmide, pode ser considerada
uma unidade complexa do reflexo que a sociedade imprime nos meios de educação.
Além do que, o que mostra a figura abaixo é apenas uma generalização que tende
a ser diferente, que depende da região brasileira que está se analisando, por
exemplo, no sul-sudeste o número de doutores é maior que nas regiões
norte-nordeste (segundo o censo do IBGE, 2010), onde a maioria das redes
públicas dos estados ainda conta com classes multisseriadas nas cidades
interioranas e com a falta de corpo docente com qualificação adequada.
Figura:
Funil
da Educação Brasileira - Modelo Simplificado da Estrutura de Ensino
Fonte: Organizado pelo autor,
baseado em pesquisa e experiência de campo.
Apesar do que mostra a figura acima, a
sociedade parece estar cada vez mais distante da Universidade, só sendo chamada
a pensar o problema do ensino público superior, quando vê ameaçada a
possibilidade de realização de concursos, como o vestibular. No interior da
Universidade pode-se observar uma hierarquia que tende a afastar a produção
acadêmica da sociedade, pois é imaginado que fora dos muros da Universidade
existe uma massa populacional incapaz de absorver assuntos tão
"complexos". Tal pensamento pode ser extinto, se caso o intelectual
preste-se ao serviço de re-avaliar sua dinâmica pedagógica, aí pensando
principalmente o vocabulário complexo e esdrúxulo que os universitários abraçam
no decorrer da vida acadêmica, adaptando sua linguagem de acordo com o público
discente e considerando também o conhecimento adquirido pelo aluno fora da
escola.
O educador
possui um papel fundamental ao difundir suas ideologias a sua platéia discente
e, a história demonstra, que esta difusão sempre esteve atrelada a grupos
dominantes que tinham o principal dever de alienar aos alunos, no qual, o
professor, ministrava aulas expositivas tradicionais e inibia os alunos à
discussão em sala, não deixando que se demonstre o caráter político da sala de
aula no modo de ver a realidade, pois o professor tradicional sempre foi visto
como a autoridade inquestionável na sala, pareceria o “dono da verdade” e o
aluno como passivo decorador das lições, assimilando fórmulas não assimiladas,
por meio da chamada decoreba. Apesar de não ser a prática majoritária
atualmente, essa realidade deve ser revista e ultrapassada, de modo que o educador
ensine o aluno a pensar criticamente e independente a realidade que o cerca.
Assim, o ato de educar é um ato de construção do
conhecimento, da ciência e do saber; a educação deve ser transmitida pelo
educador de maneira que ele incentive o poder contestatório e questionador do
aluno, daí o papel do ensino crítico da realidade ao despertar no educando sua
ação política, de modo que o aluno aprenda a pensar, a aprender e compreender a
pôr em dúvida a palavra do educador. O educador precisa lembrar da importância
dialógica, pela qual o professor deve dialogar com o aluno e não exercer uma
dominação sobre ele, sendo sempre, o educador, um mediador preparado para
desenvolver habilidades cognitivas na construção do conhecimento do educando,
de modo que eles aprendam a pensar sem temer a forma como serão avaliados. Os
educadores, por sua vez, terão que re-adaptar-se aos dizeres das novas
tecnologias que se mostram atualmente, ou será que o professor não é
substituível?
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Nota:
* Esse texto é uma síntese atualizada de um artigo
publicado em revista especializada, divulgada originalmente sob a referência “SILVA,
C. N. O ensino público, ensino de Geografia e o contexto acadêmico.
Revista Ciência Geográfica. Bauru - SP, v. IX, p. 281-284, 2003”.
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