sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A EDUCAÇÃO E O TRABALHO DO EDUCADOR EM DEBATE *


O ensino superior, em algumas universidades públicas e privadas, no Brasil, tem se mostrado um real desfigurador do que deveria ser o repasse de conhecimento para as demais camadas da população, formando profissionais que tem o dever de alienar cada vez mais a população. Algumas Universidades vêm demonstrando ser apenas fornecedoras de um diploma, considerado como "ticket" para o ingresso no mercado de trabalho. A sociedade é um ente que, na maioria das vezes, é beneficiada com a produção acadêmica após esta produção já haver sido totalmente captada pelo setor privado, fato que deveria ser o inverso, pois a Universidade não produz para a população? Ou é somente para capacitar mão-de-obra para o mercado? 

Contudo, as transformações no ensino não devem acontecer somente nas universidades, mas devem vir debaixo da pirâmide educativa ou no topo do “funil” que leva à vida acadêmica, pois a escola pode ser considerada tanto como um campo de luta de classes, que serve para aprendizagem critica do cidadão, quanto para a reprodução das relações de dominação, usada para a preparação de uma forma de trabalho dócil ao capital, e como inculcadora da ideologia dominante. A escola estando na base da pirâmide, pode ser considerada uma unidade complexa do reflexo que a sociedade imprime nos meios de educação. Além do que, o que mostra a figura abaixo é apenas uma generalização que tende a ser diferente, que depende da região brasileira que está se analisando, por exemplo, no sul-sudeste o número de doutores é maior que nas regiões norte-nordeste (segundo o censo do IBGE, 2010), onde a maioria das redes públicas dos estados ainda conta com classes multisseriadas nas cidades interioranas e com a falta de corpo docente com qualificação adequada.
 
Figura: Funil da Educação Brasileira - Modelo Simplificado da Estrutura de Ensino
Fonte: Organizado pelo autor, baseado em pesquisa e experiência de campo.


Apesar do que mostra a figura acima, a sociedade parece estar cada vez mais distante da Universidade, só sendo chamada a pensar o problema do ensino público superior, quando vê ameaçada a possibilidade de realização de concursos, como o vestibular. No interior da Universidade pode-se observar uma hierarquia que tende a afastar a produção acadêmica da sociedade, pois é imaginado que fora dos muros da Universidade existe uma massa populacional incapaz de absorver assuntos tão "complexos". Tal pensamento pode ser extinto, se caso o intelectual preste-se ao serviço de re-avaliar sua dinâmica pedagógica, aí pensando principalmente o vocabulário complexo e esdrúxulo que os universitários abraçam no decorrer da vida acadêmica, adaptando sua linguagem de acordo com o público discente e considerando também o conhecimento adquirido pelo aluno fora da escola. 

O educador possui um papel fundamental ao difundir suas ideologias a sua platéia discente e, a história demonstra, que esta difusão sempre esteve atrelada a grupos dominantes que tinham o principal dever de alienar aos alunos, no qual, o professor, ministrava aulas expositivas tradicionais e inibia os alunos à discussão em sala, não deixando que se demonstre o caráter político da sala de aula no modo de ver a realidade, pois o professor tradicional sempre foi visto como a autoridade inquestionável na sala, pareceria o “dono da verdade” e o aluno como passivo decorador das lições, assimilando fórmulas não assimiladas, por meio da chamada decoreba. Apesar de não ser a prática majoritária atualmente, essa realidade deve ser revista e ultrapassada, de modo que o educador ensine o aluno a pensar criticamente e independente a realidade que o cerca.

Assim, o ato de educar é um ato de construção do conhecimento, da ciência e do saber; a educação deve ser transmitida pelo educador de maneira que ele incentive o poder contestatório e questionador do aluno, daí o papel do ensino crítico da realidade ao despertar no educando sua ação política, de modo que o aluno aprenda a pensar, a aprender e compreender a pôr em dúvida a palavra do educador. O educador precisa lembrar da importância dialógica, pela qual o professor deve dialogar com o aluno e não exercer uma dominação sobre ele, sendo sempre, o educador, um mediador preparado para desenvolver habilidades cognitivas na construção do conhecimento do educando, de modo que eles aprendam a pensar sem temer a forma como serão avaliados. Os educadores, por sua vez, terão que re-adaptar-se aos dizeres das novas tecnologias que se mostram atualmente, ou será que o professor não é substituível?


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Nota:
 * Esse texto é uma síntese atualizada de um artigo publicado em revista especializada, divulgada originalmente sob a referência “SILVA, C. N. O ensino público, ensino de Geografia e o contexto acadêmico. Revista Ciência Geográfica. Bauru - SP, v. IX, p. 281-284, 2003”.

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